A 8ª Edição do Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas (Fórum DTNs), evento que ocorre de forma anualmente desde 2016, aconteceu nos dias 09 e 10 de setembro de 2023 em Salvador no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e no Centro de Convenções e contou com a presença dos representantes da comissão do Fórum, do representante de Liderança das Associações, das presidentes de associações de Chagas no Brasil e líderes dos movimentos de hanseníase, esquistossomose, leishmaniose, hepatites virais, filariose linfática, tuberculose. O Fórum foi uma das atividades inseridas no Congresso de Medicina Tropical (Medtrop) que tinha como eixo central: Os desafios da Medicina Tropical no Século XXI: Como enfrenta-los.
O Fórum reúne lideranças de organizações e movimentos sociais que lutam pelos direitos de pessoas e comunidades afetadas por doenças invisibilizadas classificadas como negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a hanseníase, doença de Chagas, leishmanioses e hepatites virais. E tem o objetivo de desempenhar um papel na representação das pessoas atingidas pelas enfermidades e fortalecer a autonomia das lideranças e a garantia de espaço para as demandas e os direitos.
Neste fórum além das mesas redondas, tiveram momentos dos grupos de trabalhos em 6 eixos temáticos: (1) Atenção Integral e articulação intersetorial; (2) Ciência, Tecnologia e Inovação; (3) Educação em Saúde; (4) Sociedade Civil; (5) Direitos Humanos e (6) Acesso a medicamentos. Além da conclusão da carta aberta de Salvador destinada as autoridades de saúde pública, esta que pautou a abertura do Medtrop 2023, lida por Amélia Bispo, liderança e presidente da Associação de Chagas da Bahia (Achaba).
Entre as demandas destacadas nos cartazes apresentados pelas lideranças no Medtrop estavam a necessidade do fortalecimento da Atenção Primária à Saúde e inclusão das Doenças Negligenciadas como prioridade das equipes nos territórios do SUS.
O Presidente na mesa de abertura, Mitermayer Galvão, frisou a necessidade do reconhecimento de pesquisas nos territórios e para a população brasileira atingida. A gestão pública e a importância da escuta e da atuação em campo também foram pautas nas discussões, visto pelo médico sanitarista e secretário de atenção primária à saúde do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes. Todos os membros presentes na abertura do Medtrop destacaram que as questões inseridas nos cartazes expostos pelas lideranças seriam a agenda prioritária e que demonstraram o pedido emergencial de cobrar os direitos da população a ciência e as pesquisas.
Umas semais depois, o Presidente Lula da Silva e a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, simbolizaram o compromisso de Brasil para acabar com as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) como um problema de saúde pública. A camiseta do Dia Mundial da Doença de Chagas é uma iniciativa que tem o propósito de visibilizar a mais negligenciada das vinte DTN reconhecidas pela OMS, e cujo controle está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas.
O Brasil apresenta uma elevada taxa de mortalidade por esta doença, uma das quatro principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, e afeta cerca de 1 e 2,4% de sua população, o que representa entre 1,9 e 4,6 milhões de pessoas.
Texto: Rita Machado (Fiocruz) e Daniel Villalba (Coalición Chagas)
